Entrevista a King John

22-06-2015 10:45
O Sons no Vento esteve à conversa com King John, uma das amiroes promessas da música Regional.
 
 
Porquê o Alter Ego King John?
 
Estive algum tempo a considerar nomes para o projecto. Tinha que ser algo com um sentido forte que fosse ao mesmo tempo artístico. Sabia à partida que não queria colocar o meu nome 
no projecto, nunca fui muito fã disso. Assim protejo a minha privacidade e tenho um nome com um carácter muito mais marcado e que corresponde melhor ao estilo musical. 
 
De onde surgiu o gosto pelo Blues?
 
Para te ser muito sincero não sei bem. Sempre gostei muito de Rock e Jazz e recordo-me perfeitamente de ouvir BB King aqui em casa por influência do meu pai e acho que uma coisa levou à outra principalmente depois de começar a ouvir Jimi Hendrix, The Doors ou Led Zeppelin. É-me bastante natural ouvir Blues. Considero o Blues o estilo mais intemporal que existe.
 
Quais as tuas principais referências no panorama musical?
 
Tenho uma mescla de referências contemporâneas com referências mais antigas. Para mim Gary Clark Jr encarna um pouco de Jimi Hendrix. O lado mais folk de Jack White é parecido 
com Neil Young. Tenho ouvido ainda muito Jake Bugg e Paolo Nutini. Mas se tivesse que escolher a referência máxima talvez os The Black keys porque combinam um bocado de tudo o 
que gosto a nível musical e a nível artístico/visual. 
 
No Tremor foi notório que as pessoas estavam na Refinaria para te ver, e algumas já cantavam algumas músicas de King John. Estavas à espera de uma aceitação deste tipo?
 
Não de todo. O Tremor foi o meu segundo concerto a “sério”. Ainda só tinha feito um acústico na Casa Coração e um primeiro concerto mais complexo no Arco8. As músicas só estavam 
disponíveis na internet à relativamente pouco tempo e eu pensava que era um completo desconhecido para as pessoas mas pelos vistos já tinha alguns “fãs”. Para ser muito sincero 
acho que foi a preciosa ajuda que a plataforma do Tremor me deu na promoção da minha 
 
Para quando um disco?
 
Não faço a mínima ideia nem está nos planos a curto prazo. Acho que ainda tenho muito que fazer e apreender antes de lançar um CD. Lançar um CD para mim tem representar um passo 
grande na carreira de um artista e não simplesmente juntar umas músicas e lança-las em formato de CD. Tem de ser algo que te leve a outro patamar e acrescente valor artístico ao teu 
percurso. Eu acho que ainda não tenho forma de alcançar isso porque sou muito pouco conhecido. Estou a tentar construir uma carreira e isso implica ter paciência e respeitar a 
ordem natural das coisas – “primeiro tem que se dar ao cabedal”.  
 
Como é feito o teu processo de criação musical? 
 
Muito natural. Às vezes estou no mar a apanhar umas ondas e vem-me uma melodia à cabeça ou estou a lavar loiça ou estou a pensar na "morte da bezerra". São poucas as vezes que me 
sento com o único propósito de escrever ou compor músicas. Há-de chegar o dia em que terei de fazer isso mas para já tem sido tudo muito simples nesse aspecto. 
 
Como está a tua agenda para o Verão?
 
Está preenchida sem ser em demasia. Tenho alguns concertos em Festivais já de alto gabarito como é o exemplo do Monte Verde e outros mais “pequenos” que me permitem ganhar 
estaleca nas actuações ao vivo que é coisa que eu bem preciso. 
 
Como achas que está a música a nível Regional e que projetos destacas?
 
Acho que temos muito bons músicos, muito bons mesmo mas não se está a fazer boa música. Acho que os nossos músicos ainda estão muito agarrados às “covers” – muito por culpa dos 
bares também – e os que fazem originais não fazem música a pensar que há mais vida para além dos Açores e de Portugal. Estamos constantemente a pensar para dentro quando existe 
uma imensidão de “novos ouvidos” um bocadinho por todo o Mundo. Não estou a falar em fazer músicas para as massas mas sim em fazer música que daqui a dez ou vinte anos seja relevante
 
Dos que conheço destacaria sem dúvida os Self Assistance como banda e individualmente o Luís Senra e a Sara Cruz dois músicos que já tive o prazer de poder ouvir e trabalhar. 
 
Achas possível singrar como músico na nossa região? Que principais entraves vês?
 
Muito sinceramente os Açores são um excelente ponto de partida mas tornam-se limitados porque ainda temos muito poucos “motores” que possam impulsionar os artistas. Somos 
“pequeninos” nesse aspecto e à que admiti-lo. Mas consigo perceber algumas mudanças positivas e encorajadoras. 
 
Se pudesses escolher um cartaz com 5 nomes para uma boa noite de música, quem escolhias?
 
Jack White
The Black Keys 
Gary Clark Jr
Paolo Nutini
Groove Armada 
 
Que concelho dás a quem se queira iniciar na música?
 
Não sou a pessoas certa para isso visto que eu próprio ainda estou a começar mas talvez saber dizer NÃO seja uma mais-valia.